7.2.17

Como elaborar um problema de pesquisa aceitável do ponto de vista acadêmico

Hoje eu vou compartilhar um pouco do conhecimento que adquiri participando de uma disciplina sobre pesquisa em Ciência da Informação como aluno, monitor e estagiário de mestrado. Vou apresentar algumas ideias sobre como deve ser um problema de pesquisa (PP) aceitável do ponto de vista acadêmico. Espero que o texto seja útil àqueles que estão passando pela experiência de elaboração de projetos de pesquisa e que ainda têm dúvidas sobre a elaboração do problema.

Em primeiro lugar, acredito que um PP deve ser relevante tanto do ponto de vista acadêmico (nosso foco) como pessoal. Um PP academicamente relevante é aquele que pode trazer alguma contribuição para a ampliação do conhecimento existente. Essa contribuição pode ser inédita ou apenas um novo olhar sobre um determinado objeto de estudo. Muitos PP buscam resolver questões que já receberam atenção no campo científico. O que irá diferenciar um determinado PP de outro semelhante é a abordagem, o recorte, o viés adotado. Dessa forma, muitos estudantes podem trabalhar com uma dada problemática, porém o olhar sobre o objeto será diferenciado.

Do ponto de vista pessoal, um PP relevante é aquele que nos instiga, que dá vontade de vê-lo resolvido, que nos dá prazer em pesquisar. Em outras palavras, é aquele que aborda um tema que a gente gosta de estudar. O tema e, consequentemente, o PP devem representar algo para nós, ter um significado. Assim, a tarefa muitas vezes árdua de realizar uma pesquisa pode tornar-se mais leve, agradável, interessante e - por que não? - emocionante. Ele atende às necessidades do nosso eu.

Continuando, um PP deve ser claro e objetivo. A clareza deve estar presente tanto na forma de apresentar o problema (composição da pergunta) como na operacionalização do tema ou dos conceitos que serão abordados. Em relação ao primeiro aspecto, questões como a ordem da palavras empregadas (sintaxe) e os pronomes interrogativos mais adequados podem influenciar na compreensão do problema. Sobre o segundo aspecto, quando alguém está elaborando um PP e não entende sobre o que quer pesquisar (o que é muito comum, pois não dominamos todos os assuntos), é provável que o PP reflita isso. Logo, a nossa própria compreensão do tema é importante para a formulação do problema e o entendimento do leitor.

Um PP também precisa ter foco e é aí que entra a objetividade. O problema deve ser objetivo no sentindo de não deixar dúvidas sobre o que se propõem a solucionar. Deve ter um foco preciso que ajude a conduzir a investigação. Em algumas pesquisas de caráter exploratório, o problema é delineado em uma etapa mais avançada da investigação por exigência do próprio objeto de estudo, mas em geral deve ser elaborado durante o planejamento da pesquisa.

Um último aspecto que gostaria de comentar é sobre os limites do PP. Delimitar um problema não é uma tarefa fácil. Todas as decisões tomadas na elaboração do problema terão um impacto na configuração da pesquisa e nos resultados que serão obtidos. Desse modo, é preciso que o problema esteja bem situado no tempo e no espaço. É preciso definir qual será o seu alcance.

Problemas muito amplos podem inviabilizar a pesquisa. Nesse sentido, o PP deve ser específico o suficiente para que possa ser resolvido no tempo estipulado para a realização do trabalho e sob as condições que se apresentarem. Esse definitivamente não é um momento para tentar resolver os PP mais complicados. Algumas vezes são necessários alguns ajustes nos elementos que compõem o problema. Essa necessidade pode ser percebida logo no início ou durante o processo de pesquisa. Há que se ter cuidado, contudo, com PP muito restritos, que não dariam um bom "caldo" e que poderiam ser respondidos sem a necessidade de uma investigação.

Uma boa fonte de inspiração para a determinação de um PP é a própria literatura científica da área. Artigos, livros, capítulos de livros, trabalhos apresentados em eventos, teses, dissertações e outros tipos documentais podem informar sobre o estado da arte de um determinado tema. Buscando trabalhos similares é possível descobrir o que já foi pesquisado, como certos temas foram trabalhados e sob que enfoque. Assim, é possível encontrar um PP relevante do ponto de vista acadêmico o e avançar no conhecimento sobre o assunto.

Comentários são sempre bem-vindos!

Licença Creative Commons
O trabalho Como elaborar um problema de pesquisa aceitável do ponto de vista acadêmico de Maurício de Vargas Corrêa está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.

11.8.16

Sobre Pokemón Go


Não é possível falar de Pokémon Go sem situar o jogo na perspectiva da cultura da convergência. Com sua origem no anime Pokémon, o jogo tem alcançado grande popularidade entre os brasileiros.

Mas o que faz o aplicativo tão popular? Neste post, vou tentar responder.

Quem viveu sua infância ou juventude na segunda metade dos anos 1990 se recorda da febre que foi o anime Pokémon, lançado no Brasil em 1999. A franquia gerou uma série de produtos, incluindo longas metragens, revistas, brinquedos, álbuns de figurinhas, entre outros.

Dezessete anos depois, as empresas Niantic, Inc. e Nintendo lançam um aplicativo para iOS e Android que permite aos usuários experienciar, através de um jogo de realidade aumentada, aquilo que no passado apenas sua imaginação poderia proporcionar: a possibilidade de caçar pokémons!

Acredito que uma parte da popularidade do aplicativo Pokémon Go tem sua origem na memória afetiva dos usuários em relação à marca Pokémon, que fez tanto sucesso no Brasil no final dos anos 1990 e marcou a infância de muitos.

Somado a isso, o desenvolvimento dos dispositivos móveis, o aumento no acesso à Internet e o entusiasmo em relação às novas tecnologias ofereceram um terreno fértil para que a franquia  ganhasse um novo fôlego (e novo formato) e (re)conquistasse o coração dos brasileiros.

22.4.16

A restrição no uso de dados de Internet no Brasil


Não sei se alguém percebeu, mas as empresas de tecnologia já estão modificando alguns serviços para se adaptar às possíveis restrições no uso da Internet que serão (ou não) implementadas no Brasil. O Facebook, por exemplo, lançou o aplicativo para Android Facebook Lite, que usa uma quantidade menor de dados. Já a Microsoft reduziu a capacidade de armazenamento do OneDrive (um serviço de armazenamento de arquivos online) sob a justificativa de "permitir o funcionamento do OneDrive futuramente.". Não vejo isso como um bom sinal. Se as empresas de tecnologia estão promovendo esta adaptação é porque existe de fato um movimento no mercado para limitar o uso dos dados de Internet fixa. Vamos ficar de olho!

20.5.15

Internet e convergência midiática


Fonte da imagem: Dadosweb
Nos últimos tempos, acompanhamos o fim de diversos veículos de comunicação em função da crise econômica e dos novos hábitos informacionais da população. A Internet é um meio de comunicação tão poderoso que reúne em apenas um local jornal, rádio, TV, cinema, biblioteca, entre tantos outros recursos que utilizamos para nos manter a par dos acontecimentos, bem como para o lazer, o estudo e a diversão. Na rede mundial de computadores, as mídias e seus conteúdos estão disponíveis a qualquer momento e a um custo relativamente baixo.

A socialização é um dos traços mais marcantes desse novo paradigma da comunicação social. Além de termos acesso aos recursos supracitados, podemos compartilhá-los em nossas redes sociais, participar de fóruns de discussão sobre a nossa série de TV favorita, comentar com amigos sobre o filme que está em cartaz. Enfim, são muitas as possibilidades oferecidas.

A popularidade da Internet também está obrigando, de certa forma, os grandes grupos midiáticos a se adaptarem a esse meio e a marcar sua presença online a fim de manter a audiência e o faturamento de seus veículos tradicionais. Para o usuário da Internet, esse cenário apresenta mais prós do que contras, na medida em que acesso à informação, lazer e entretenimento torna-se centralizado e flexível. Isso não significa, porém, que a mídia tradicional vá desaparecer no futuro. Sabemos que em termos de tecnologia e expertise as redes de televisão, rádio e a mídia impressa são os melhores produtores de conteúdo.

Não pretendo e nem posso opinar sobre o futuro de uma área que não tenho domínio, mas o que se observa como usuário da Internet é que essa convergência midiática veio para ficar e que os meios de comunicação tradicionais terão que ser adaptar cada vez mais a esse novo contexto, onde o botão liga e desliga está ao alcance de um clique do mouse ou do toque dos dedos.

29.7.12

Redes sociais e liberdade de expressão


Não pretendo neste texto me posicionar a favor ou contra o uso das redes sociais para o compartilhamento de ideias, opiniões e informações de qualquer natureza. Acredito que o certo ou o errado depende do ponto de vista de cada um. 

Tenho discutido com colegas de trabalho os exageros que ocorrem nas redes sociais e, especialmente, no Facebook. Coincidentemente, li uma reportagem em uma revista que sugeria modos ou padrões de comportamento nas redes sociais. Ao longo da matéria se discutia o que deve ou não ser publicado; o uso de jargões comuns nas redes (#ficadica e etc.); bem como a preocupação com a imagem a ser transmitida.

Concordo que várias pessoas utilizam as redes sociais para divulgação de conteúdos considerados impróprios ou agressivos por muitos. Porém, tenho a impressão de que se pretende que as redes sociais deixem de ser um meio de comunicação informal e descontraído para adquirir um status de seriedade e formalidade. É neste ponto que falamos em liberdade de expressão, no direito de ir e vir e, em última análise, de publicar o que se bem entender.

Percebo que esses meios de comunicação estão suprindo um espaço cada vez mais reduzido na sociedade. Que é o espaço da discussão, da crítica, da opinião sobre o que acontece e que nos afeta direta ou indiretamente. É também um espaço para dizer o que se pensa, por mais absurdo que possa parecer.

E o que a nossa mídia impressa, representada por estas revistas de grande circulação, propõe é que se use as redes sociais de forma discreta e ponderada... Após a leitura da reportagem fiquei pensando: Onde ou como vamos nos expressar, se a mídia não nos oferece espaço e ainda tenta moldar os espaços que temos disponíveis?


Fica a reflexão. Um abraço e até logo!